HYPOMNEMATA

Los hypomnemata eran cuadernos de escritura: en ellos se encontraban citas, fragmentos de escrituras o pensamientos del propio espíritu. Constituían una memoria material de las cosas leídas, oídas, pensadas, y se atesoraban en esas páginas desordenadas, heterogéneas. Se trataba de un ejercicio en el pensamiento que no tenía como fin el decir lo indecible, sino captar lo ya dicho, de reunir lo leído. Eran escrituras sobre lecturas, y el fin de las mismas, la constitución de sí mismo. Era una escritura que posibilitaba la transformación de la verdad que nos damos a nosotros mismos. Una escritura que constituía con las propias palabras y las de otros un "cuerpo", como el propio cuerpo de quien, al transcribir sus lecturas, se las apropia y hace suya su verdad.







lunes, 21 de abril de 2008

Sobre importâncias



Um fotógrafo-artista me disse outra vez: veja
que pingo de sol no couro de um lagarto é
para nós mais importante do que o sol inteiro
no corpo do mar. Falou mais: que a importância
de uma coisa não se mede com fita métrica nem
com balanças nem com barómetros etc. Que a
importancia de uma coisa há que ser medida
pelo encantamento que a coisa produza em nós.
Assim un passarinho nas mãos de uma criança
e mais importante para ela do que a Cordilheira
dos Andes. Que um osso é mais importante para
o cachorro do que uma pedra de diamante. E
um dente de macaco da era terciária é mais
importante para os arqueólogos do que a
Torre Eifel. (Veja que só um dente macaco!)
Que uma boneta de trapos que abre e fecha os
olhinos azuis nas mãos de uma criança é mais
imporatnte para ela do que o Empira State
Building. Que o cu de uma formiga é mais
importante para o poeta do que uma Usina Nuclear.
Sem precisar medir o ânus da formiga. Que o
canto das águas e das rãs nas pedras é mais
importante para os músicos do que os ruídos
dos motores da Fórmula 1. há um desagero em mim
da aceitar essas medidas. Porém não sei se isso é um defeito do
olho ou da razão. Se é defeito da alma ou do
corpo. Se fizerem algum exame mental em mim por
tais julgamentos, vo encontrar que eu gosto
mais de conversar sobre restos de comida com
as moscas do que com homens doutos.

Manoel de Barros. Memorias inventadas.

0 comentarios:

Publicar un comentario